quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Alto do Poio a Portomarin, (04/06/2010) - 62,54km


Reconfortados com a noite bem dormida no hostal, que foi cara e ainda por cima não teve direito a pequeno-almoço! Lá estivemos a preparar os alforges para partir… hoje prevíamos uma etapa já sem tantas subidas mas alternando entre altos e baixos, agora era a descer e lá nos lançamos no caminho, para ir tomar o pequeno-almoço onde aparecesse oportunidade …
O caminho é bonito, mas á medida que fomos descendo a paisagem começou a alterar, aproximando-se mais do nosso Minho, porque agora já estávamos na Galiza.
Neste terceiro dia começou a gerar-se algum “nervoso miudinho” entre nós, sem ninguém falar sobre isso, fiquei com a sensação que havia alguma tensão no ar, era 6.ª feira e ainda estávamos muito longe… acho que o stress começou aumentar porque a Sandra achava que estávamos a andar muito depressa e o Fernando por seu lado achava que estávamos a andar muito devagar e eu, ficava ali no meio… por um lado apetecia-me andar mais, pelo menos nas descidas e plano, mas por outro compreendia que não era possível, a Sandra estava mais cansada e começou a ficar com uma alergia que a incomodava e eu também me sentia cansada, hoje parecia mesmo que a minha bike não andava de maneira nenhuma, vim a descobrir mais tarde que o alforge tinha saído do sítio e andei toda a manhã a trilhar o alforge na roda, até rasgar, por isso ela não andava! :=) A manhã foi um bocado tensa!
Só parámos em Triacastela, depois de 13,6km, vocês que me conhecem sabem que eu preciso de tomar o pequeno almoço logo que me levanto, por isso imaginem o que sofri... :=) No pequeno-almoço foi a ultima vez que vimos os três portugueses da subida de "La Faba". Nesta fase o caminho proporciona uma opção de escolha, ou íamos por San Xil ou por Samos. Optámos por ir por Samos, porque já na véspera tinhamos pensado em ir lá dormir, mas ficámos muito longe.
Em Samos, o albergue é num mosteiro beneditino muito bonito, estivemos lá um bocado, almoçámos, foi muito bom! Uma coisa engraçada é que nós parámos as bikes á porta do restaurante e não estavam lá mais, quando saímos havia montes de bicicletas, quase que não conseguíamos tirar as nossas.
De volta ao caminho, com direcção a Sarria, encontrámos uma zona de descanso, no km 108, muito fixe, era uma sala, com bancos e mesas e cheia de máquinas automáticas, com café, comida, chocolates, enfim... tudo o que se lembrem que há neste tipo de máquina :=) a sala está decorada com fotografias do caminho, não sei quem se lembrou disso, mas foi uma ideia excelente!
Sarria é a cidade onde comecei o caminho, as duas vezes em que o fiz a pé. É uma cidade engraçada, pequena, que tem normalmente muitos peregrinos porque é o último sítio onde podes começar o caminho, para seres considerado peregrino, porque tens que fazer no mínimo 100km a pé ou 200km de bicicleta, para receberes a Compostela, então, muita gente opta por começar aqui. A saida de Sarria faz-se por um caminho que circunda o cemitério e que também tem umas subidas jeitosas. A partir daqui o caminho passou a ser-me familiar :=) De todas as vezes que fiz o caminho, saí de Sarria de noite, porque quando andamos a pé, normalmente toda a gente sai muito cedo para chegar cedo aos albergues e assim conseguir uma cama para dormir, de maneira que, sair de Sarria de dia foi novidade.
Começámos a fazer planos para chegar a portomarín, que eram mais ou menos 30km e lá fomos agora um bocadinho mais leves da tensão da manhã, mas ainda "stressados"...
A Sandra já fez o caminho várias vezes, mas nunca o fez com dias contados e desta vez tinha que ser... começámos a ver que se não acelerássemos não íamos chegar a Santiago no domingo, pelo menos, não chegaríamos lá a tempo de fazer os rituais próprios dos peregrinos e nós tinhamos mesmo que vir embora no domingo... a Sandra a dada altura disse que não saía de lá sem fazer isso, nem que ficásse lá sózinha, mas isso não fazia sentido... isto tudo associado ao cansaço dos últimos dias, fez-nos andar mais rabugentos, mas nada de especial...

O objectivo era agora Portomarín porque o albergue é muito grande e aqui inhamos esperança de conseguir dormida no albergue, porque as dormidas em hotéis já nos tinham dado cabo das finanças :=( Chegámos a Portomarín ao final do dia e conseguimos lugar para dormir ainda a horas decentes. Depois do banho (para mim de água fria, para a Sandra de água quente!) fomos dar uma volta e jantar. Jantámos numa pizzaria/café perto do albergue, não me lembro do nome do sr. que nos atendeu, mas ele era tão simpático que estivemos muito tempo a conversar e foi agradável... Depois deixámos a Sandra com o seu diário e lá fomos dormir. Já cá estavam um total de 191,92 km divididos po 19.54h a pedalar.

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